terça-feira, 18 de junho de 2013

Um jeito míope de ver.

Essa sua percepção está errada. Vês de longe, e a miopia que tens, latente em ti, te impede de ver o pouco do tanto que tens a tua frente.
Preferes ficar tateando deduções a ter que experimentar o sabor das cerejas.
Pra quem já experimentou jiló, cerejas sugerem o fruto proibido da serpente. Ainda assim, deverias provar, pelo menos ainda que ficcionalmente estarias rememorando o paraíso. Meu caro, quando a realidade é dura por demais, cabe-nos uma escapadela de ficção.
Já me vi em narrativas descabíveis, então decidi ser eu mesma autora e co-autora de minha história.



Seu lado hostil.

Antes de assim nomear, esse seu lado tive o cuidado de procurar todos os significados possíveis para hostil, hostilidade.
Creio eu, ser o adjetivo que te cabe agora. Não há motivos para se esconder. Acho que você já fez isso  demais.
Sua piada, inocência ou ironia, disse muito no pouco. Esse discurso de receios, não me comove, tão pouco me alucina. Se não percebeu, há tempos já deixei de ser menina. Sou inteligente o suficiente pra saber quando acelerar e quando usar o freio; já possuo habilitação, você não.
Talvez a sua deficiência esteja em perceber outras coisas, e não somente dirigir.
Lendo-me agora, talvez veja um outro lado de mim. O ácido e o doce. O agridoce. Nas minhas primeiras palavras, eu não escusei meus sentimentalismos, agora sou toda realismo.
De um amor, você foi ao céu e ao inferno. Eu já habitei nos dois, meu caro.
Estou aqui viva, intacta. Sem receios de homens inteligentes ou não. Penso que devias manter-te longe das pilantras, essas sim são um risco.
Pilantragem, independentemente do gênero, é no mínimo perigoso, isso sim, deveria te trazer receios.
Não necessito de merchandising, tenho um belo espelho no qual me vejo todas as manhãs, e sei inclusive que de repente serão 30 num corpinho de 20.
Morar só pode dizer muito, mas pode não dizer nada, quando o solitário ainda que livre, se recusa a experimentar o sabor da vida.
Isso são só elucubrações minhas, mas você vai sentir as alfinetadas nos olhos e pelo corpo todo. Ironia, ah, ironia...
Saiba que meu inferno astral e ascendente, são sua zona zodiacal, não que eu acredite nessas babaquices, mas em todo caso, ficas sabendo que quando pensares em me deixar in off , já cogitei deixar você em stand by.


domingo, 16 de junho de 2013

Sobre quando a vida foi generosa comigo.

Você trouxe à tona, uma lembrança que nem eu mesma sabia que ainda estava lá. Bem guardada na minha memória, estava registrada a cena de um dia de manhã, não sei bem qual dia da semana, em que eu passeava por aquele simplório shopping no centro da cidade, até que me deparei com uma livraria. Diferentemente do que é agora, e do que tem sido e ainda, do que costumava ser, daquela vez, naquela manhã não foram os livros que me convidaram a entrar ali. Foi o garoto atrás do balcão.
A vida começava a dar sinais de generosidade. Estaria vendo eu o amor eros num balcão de livraria?
Entrei, olhei alguns livros, e percebendo que ali não havia Clarice, encontrei um pretexto para ter ir até o balcão e falar com aquele simpático rapaz, moreno.
Não me lembro bem da conversa, mas me recordo que ele me deu um número de telefone, que infelizmente eu perdi. Encontrei mais um pretexto para ter que voltar à livraria, mas para minha infelicidade havia fechado, ou se mudado,não sei bem; pra maior infelicidade, minha, eu não me recordava do nome da loja, só do rosto do garoto. Aqueles sinais em seu rosto eram singulares. Os comerciantes vizinhos em nada puderam me auxiliar.
A vida deixou de ser generosa comigo.
Tanto tempo se passou, e numa segunda-feira, sem eira nem beira, fui marcada numa postagem numa rede social. Li o texto, fiquei encantada com as palavras daquele garoto.
Resolvi adicioná-lo com o intuito de conhecer esse ser, que escrevia com tamanha sensibilidade e singularidade. Nos falamos muito.
Cinco dias. Nos conhecemos.
Entre palavras e palavras, ele disse que cresceu entre os livros; seu pai tivera uma livraria. Eu inocentemente perguntei, se era em tal lugar.
Ao responder afirmativamente, ele trouxe ao presente um fato passado, que foi sendo confirmado a cada palavra que ele ia tecendo eu seu discurso. Discurso que me deixou de um jeito que nem eu mesma sei explicar.
Fiquei embasbacada. 
A vida voltava a ser generosa comigo.
Saímos dali, caminhamos pela noite.
Chegada a hora de voltar pra casa, ao nos despedirmos freneticamente o abracei. Um abraço no qual ficou explícito o " não desapareça nunca mais".
Se pudesse pararia o tempo e ficaria ali, horas e horas afins sentindo-o como o quis sentir a tanto tempo atrás. 
O fato é que agora, não sei bem porque ele está de volta. E eu estou feliz, e a vida foi muito generosa.
Não sei quanto tempo ele ficará desta vez. Só sei que desde que ele chegou eu tenho uma inspiração particular para escrever.
Ele se tornou minha inspiração, não pelo que escreve, mas pelo que despertou em mim há muito tempo.
Há muito tempo atrás.






sexta-feira, 14 de junho de 2013

Célebre.

Fica, não vai.
Por que você tem que ir se acabou de chegar?

Senta, vamos conversar.
Se veio até aqui,
há de haver algum motivo.

Olha, meus lábios.
São cor de carne.

Sente, me beija.

Vê, tens um papel.
A folha está em branco.

Não escreves?
Compõe um poema,
faz um versinho.

Célebre, momento.
Eu e tu.
Nós.

Celebremos.


Reflexos

DESCULPA, se tudo que eu disser de agora em diante soar como irônico. É  que eu não contive o riso, ao ver você procurando os meus reflexos por aí.
E deixa eu te dizer: não adianta. Essas semelhanças são ilusões de sua mente, e isso você deveria saber, afinal não é isso que você estuda? A mente.
Percebi também, que eu me resolvi. Sim. Quanto a você só a uma leve lembrança, no que diz respeito às coisas boas que vivemos. As coisas ruins, eu vejo como permissivas de um Autor, que escreve cada capítulo de minha história com intensas e moderadas narrativas.
Sabe, todas as coisas que vivemos daria uma bom romance, mas não sei se serial policial, nostálgico ou o quê; mas , não crie expectativas quanto a isso. Guardo o meu romance, o escrito, para um alguém que ainda virá, e , caso ele não venha, eu faço uma ficção.
Você pode ser melhor, assim como me ajudou a ser. Basta você se decidir por isso.
Ficar com as janelas sempre fechadas, literalmente falando, não vai te ajudar em nada.
Deveria abrí-las ainda que fosse uma vez, a cada semana, e nefelibatar.
Faço isso sempre, mesmo caminhando na rua. Ir às nuvens e habitá-las é uma forma de sentir-se próximo ao Autor.
Minha relação com Ele, me fez ser o que sou, me fez ter o dom de poder me deixar ser prosa e poesia.
Você teve um belo livro em suas mãos, leu e até viajou tanto na leitura, a ponto de se envolver com a protagonista, mas não soube vivê-lo. Há leituras que precisam ser vividas.
Agora será somente um passante, a delirar e vagar por livrarias a procura de um livro, com uma capa semelhante a que um dia você leu.