segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Confissões de libra, por áries e sagitário.



Moça, mulher, menina
Que se pinta de tinta
Se borra e se sente mulher.

Moça, mulher traquina, que ri
que se excita e se descobre paixão.

Sua paixão é o cheiro, o jeito,
o aroma e o sabor.
Sente na cor da pele
A alma envaidece quando usa nos lábios
uma rubra cor.

Sabe guardar o encanto, sabe usar o quebranto
sabe ser por enquanto
sabe esperar o amor.

Crê no amor mais que tudo.
E mesmo quando se encanta,
seu coração não quebranta.
Nem pelo aflorar
Nem pelo fenecer da flor.

Sabe o porém e o contudo e, a deitar no veludo,
sabe ser isto tudo
anjo, fera, alma e cor.

J.C e T.E.C, 05.02.2016

Lixos sentimentais


Agora, somente agora ela poderia falar...
De um lugar, de dentro. Não mais de fora, na condição de expectadora, atriz coadjuvante de um cenário que ela mesma desenhou, co-dirigiu e  atuou.
Sai com as vestes rasgadas.
Com as lágrimas de fonte seca.
Agora, ela quer chorar, mas está tão certa de que acender as luzes de sua escuridão foi o ato mais certo, preciso e certeiro.
Ascendeu.
Ela se sentiu doente, ofendida e se viu em um lugar, uma condição, uma circunstância e uma situação incabível, insustentável.
Desnecessária.
Ela percebeu que sustentar essa escora, seria como gastar suas energias com um edifício que não construiu e jamais iria habitar.
Ela entendeu, que é rainha e soberana demais pra viver em escombros.
Ela entendeu também, que o único escombro que quer habitar um dia, e algumas vezes é o escombro da solidão que escolheu ou escolherá ter.
Ela sabe quem é.
O que provoca.
Ela sempre sabe iniciar uma história e terminar.
Ela sempre se viu, foi e será protagonista.
Ela sabe criar e juntar lixos, como toda gente sabe.
Ela aprendeu a coleta seletiva. Ela só não sabia administrar quando muito lixo se junta.
Ela administrou, várias e várias vezes.
Ela pensou em se entregar ao mau cheiro de tudo.
Ela dormiu no lixo de si, chorou suas misérias.
Ela catou seus restos.
Se refez.
Cidadã de si.
Da cidade do seu coração, ela aprendeu que lixos sentimentais serão sempre.
Sempre.
Descartáveis.

J.C, 8.02.2016.