domingo, 29 de abril de 2012

Sobre ausências e vazios

Ter de desfazer de si, de seus escritos não é tarefa fácil quando se tem nas palavras uma âncora, um espelho e um punhal.
Tive me desfazer do que já fui, do que já senti e do que já escrevi.
Precisei me aniquilar, me borrar e ter me refazer pra poder ir lapidando-me.
Penso que o molde está pronto, as escolhas estão feitas.
As sementes que ora semeei já não fazem mais parte deste universo febril que há em mim, outrora eram invernos incessantes e uma lareira morna a aquecer meu vazios; agora são dias primaveris.
Há sempre uma maçã vermelha sobre a mesa, um vaso com flores na janela e um sol radiante todas as manhãs.
Os pássaros vem me acordar e a lua banha meus sonhos.
Os serafins tocam suas harpas e um cupido vive a me rondar flexando-me a todo instante em que me deparo com um livro na mão.
Não deixei de ser quem sou, apenas decidi o que preciso ser.



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