domingo, 16 de junho de 2013

Sobre quando a vida foi generosa comigo.

Você trouxe à tona, uma lembrança que nem eu mesma sabia que ainda estava lá. Bem guardada na minha memória, estava registrada a cena de um dia de manhã, não sei bem qual dia da semana, em que eu passeava por aquele simplório shopping no centro da cidade, até que me deparei com uma livraria. Diferentemente do que é agora, e do que tem sido e ainda, do que costumava ser, daquela vez, naquela manhã não foram os livros que me convidaram a entrar ali. Foi o garoto atrás do balcão.
A vida começava a dar sinais de generosidade. Estaria vendo eu o amor eros num balcão de livraria?
Entrei, olhei alguns livros, e percebendo que ali não havia Clarice, encontrei um pretexto para ter ir até o balcão e falar com aquele simpático rapaz, moreno.
Não me lembro bem da conversa, mas me recordo que ele me deu um número de telefone, que infelizmente eu perdi. Encontrei mais um pretexto para ter que voltar à livraria, mas para minha infelicidade havia fechado, ou se mudado,não sei bem; pra maior infelicidade, minha, eu não me recordava do nome da loja, só do rosto do garoto. Aqueles sinais em seu rosto eram singulares. Os comerciantes vizinhos em nada puderam me auxiliar.
A vida deixou de ser generosa comigo.
Tanto tempo se passou, e numa segunda-feira, sem eira nem beira, fui marcada numa postagem numa rede social. Li o texto, fiquei encantada com as palavras daquele garoto.
Resolvi adicioná-lo com o intuito de conhecer esse ser, que escrevia com tamanha sensibilidade e singularidade. Nos falamos muito.
Cinco dias. Nos conhecemos.
Entre palavras e palavras, ele disse que cresceu entre os livros; seu pai tivera uma livraria. Eu inocentemente perguntei, se era em tal lugar.
Ao responder afirmativamente, ele trouxe ao presente um fato passado, que foi sendo confirmado a cada palavra que ele ia tecendo eu seu discurso. Discurso que me deixou de um jeito que nem eu mesma sei explicar.
Fiquei embasbacada. 
A vida voltava a ser generosa comigo.
Saímos dali, caminhamos pela noite.
Chegada a hora de voltar pra casa, ao nos despedirmos freneticamente o abracei. Um abraço no qual ficou explícito o " não desapareça nunca mais".
Se pudesse pararia o tempo e ficaria ali, horas e horas afins sentindo-o como o quis sentir a tanto tempo atrás. 
O fato é que agora, não sei bem porque ele está de volta. E eu estou feliz, e a vida foi muito generosa.
Não sei quanto tempo ele ficará desta vez. Só sei que desde que ele chegou eu tenho uma inspiração particular para escrever.
Ele se tornou minha inspiração, não pelo que escreve, mas pelo que despertou em mim há muito tempo.
Há muito tempo atrás.






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