quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Jeito incerto

Ela estava sempre procurando uma forma de chamar sua atenção.
Algumas vezes ela ligava, outras mandava mensagens, noutras ela era ela.
Mexia nos cabelos, pintava o rosto, ou simplesmente deixava que o silêncio e uma troca de olhar falasse por si.
Ele fingia não saber de nada.
Ambos distintos, porém um traço em comum: adoravam surpreender.
Eles caminharam lado a lado umas duas poucas vezes.
Ela com seu jeito incerto e imprevisível poderia inventar uma desculpa, parar ali n meio da rua e tascar-lhe um beijo, mas não.
Seria atrevimento demais, ousadia demais. Expor-se demais.
Ela já dissera a si mesma que velhas condutas e ultrapassados arcaísmos não cabiam mais em seu jeito e trejeito.
O seu jeito, que agora era incerto, era na verdade o jeito certo que ela encontrara.
Amar se tornou um desejo, mas não se permitiria a amores platônicos ou efêmeros.
Ficadas, já não existem mais em seu vocabulário. Ela já havia colocado as coisas em ordem em sua vida.
As emoções ainda estão em ajustes, mas essa menina incerta, volúvel e mulher estava decidida a deixar sua alma livre e desprendida.
Depois da última lágrima caída ela havia entendido que amor não se cobra, é doação.
Seu jeito incerto não lhe garantia que o perdão seria instantâneo às mágoas sofridas, mas ela estava decidida que continuaria a amar, de perto ou de longe, com gestos ou não.
Ela decidiu colocar-se em primeira instância e deixar de ser instantes.
Decidiu ser.
O eterno e certo amor.




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